Procedimentos básicos para Facilitação no Kabat



Esses procedimentos fornecem ao terapeuta as ferramentas necessárias para ajudar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente.                        
Os procedimentos são usados para:

1.  Aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estável.
2.  Guiar o movimento com a utilização de contatos manuais adequados e de resistência apropriada.
3.  Ajudar o paciente a obter coordenação motora e sincronismo.
4.  Aumentar a histamina do paciente e evitar a fadiga.

A promoção ou exacerbação da dor deve ser evitada pelo terapeuta. A dor funciona como um inibidor da coordenação motora eficaz e pode ser um sinal potencial de lesão. Outras contra-indicações são na maioria de senso comum.
Os procedimentos básicos para a facilitação são:
1.  Resistência: auxilia a contração muscular e o controle motor e aumenta a força.
2.  Irradiação e reforço: utilizam a deflagração da resposta ao estimulo.
3.  Contato manual: aumenta a força e guia o movimento com toque e pressão.
4.  Posição corporal e biomecânica: guiam e controlam o movimento por meio do alinhamento do corpo, dos braços e das mãos do terapeuta.
5.  Comando verbal: utiliza palavras e tom de voz apropriados para direcionar o paciente.
6.  Visão: usa a visão para guiar o movimento e aumentar o empenho.
7.  Tração e aproximação: o alongamento ou a compressão dos membros e do tronco facilita o movimento e a estabilidade.
8.  Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de estiramento facilita a contração e diminui a fadiga.
9.  Sincronização de movimento: promove sincronismo e aumenta a força da contração muscular por meio da " sincronização para ênfase".
10.             Padrões de facilitação: movimentos sinérgicos em massa são componentes do movimento funcional normal.

Aqui citaremos um pouco sobre cada um dos procedimentos:

·        Resistência: é usada para facilitar a habilidade do músculo em se contrair, aumentar o controle motor, ajudar o paciente a adquirir consciência dos movimentos e aumentar a força muscular.
A quantidade de resistência deve estar de acordo com as condições do paciente e com os objetivos da atividade. Inspirações e expirações controladas durante o movimento podem aumentar a força e a amplitude do movimento do paciente.
A aplicação de resistência dependerá do tipo de contração muscular a ser resistido.

Tipos de contração muscular:
 1. Isotônica: o paciente tem intenção de produzir movimento.
a)               Concêntrica: o encurtamento do agonista produz movimento.
b) Excêntrica: uma força externa, gravidade ou resistência, produz o movimento.
c) Isotônica mantida: o paciente tem intenção de produzir movimento, mas este é impedido por uma força externa.
2. Isométrica: a intenção de ambos, tanto do terapeuta quanto do paciente, é de que nenhum movimento aconteça.

·        Irradiação e reforço: irradiação é a deflagração da resposta ao estimulo. Esta resposta pode ser vista como um aumento da facilitação (contração) ou inibição (relaxamento) nos músculos sinérgicos e padrões de movimento.
      O reforço é aumentar a força adicionando um estimulo novo, tornar mais forte. O terapeuta direciona o reforço para os músculos fracos pela quantidade de resistência aplicada nos músculos fortes.

·        Contato Manual: os contatos manuais do terapeuta estimulam os receptores cutâneos e de pressão no paciente. O contato deve informar ao paciente a correta direção do movimento, a pressão aplicada no músculo incrementa sua capacidade de contração. Colocar pressão em oposição à direção do movimento, em qualquer ponto do membro, estimulará a musculatura sinérgica, reforçando assim a contração.

·        Posição Corporal e Biomecânica: o corpo do terapeuta deve estar em linha com o movimento desejado ou com a força. Os ombros e os quadris do terapeuta devem estar voltados para a direção do movimento, assim também os braços e as mãos se alinham durante o movimento. A resistência advém do corpo do terapeuta, enquanto suas mãos e sues braços se mantêm relativamente relaxados. Por meio do uso corporal, o terapeuta aplica resistência prolongada, sem fadiga. As mãos relaxadas permitem que ele sinta a resposta do paciente.

·        Comando Verbal: o comando verbal diz ao paciente o que fazer e quando fazer. O comando deve ser dado para o paciente e deve ser combinado com o movimento passivo, para ensinar ao paciente o movimento desejado. O comando de ação deve ser repetido para estimular o aumento do empenho ou para redirecionar o movimento. O terapeuta deve usar comandos mais altos quando uma contração muscular de maior intensidade é desejada e usar um tom mais calmo quando o objetivo é o relaxamento ou alivio da dor. O terapeuta deve preparar o paciente para a ação, dizer ao paciente para começar a ação e orientar o paciente como corrigir ou modificar a ação.

·        Visão: ajuda o paciente a controlar e corrigir sua posição e seu movimento. Quando o paciente olha para a direção na qual está se movendo, a cabeça segue os movimentos dos olhos, o movimento da cabeça facilitará um movimento mais amplo do tronco e com maior força. O feedback fornecido pelo sistema sensorial da visão pode promover uma contração muscular mais potente.  O contato ocular entre terapeuta e paciente é muito importante.

·        Tração e Aproximação: a tração é o alongamento do tronco ou de uma outra extremidade. É usada para: facilitar movimentos, especialmente os antigravitacionais, promover alongamento ao tecido muscular quando o reflexo de estiramento está sendo utilizado, resistir a alguma parte do movimento. A força de tração deve ser aplicada gradualmente até que o resultado seja alcançado. Aproximação é a compressão do tronco ou de uma extremidade. É usada para: promover a estabilização, facilitar a tomada de peso e a contração dos músculos antigravitacionais e resistir a algum componente do movimento.

·        Estiramento: ocorre quando o músculo é alongado. É provocado nos músculos sob tensão, tanto por alongamento quanto por contração. O reflexo tem duas partes: a primeira é um reflexo espinhal de curta latência, que produz pequena força e não apresenta significância funcional. A segunda parte, chamada de resposta funcional ao estiramento, apresenta maior latência e produz uma contração mais forte e funcional. A contração muscular seguida de estiramento deve ser resistida, para o tratamento ser eficaz.

·        Sincronização dos Movimentos: sincronização é a seqüência dos movimentos. A sincronização para a ênfase envolve a modificação da seqüência normal dos movimentos para enfatizar um músculo em particular ou uma atividade desejada. Há duas formas do terapeuta alterar a sincronização normal com propósitos terapêuticos: pela prevenção de todos os movimentos do padrão, com exceção daquele a ser enfatizado e pela resistência a uma contração isométrica ou mantida de um movimento forte em um padrão, enquanto exercitando músculos fracos.

·        Padrões: o movimento normal é composto por padrões de movimento em massa dos membros e dos músculos sinérgicos do tronco. O córtex motor produz e organiza tais padrões de movimento e o individuo não pode, voluntariamente, deixar um músculo fora do padrão de movimento ao qual pertence. O tronco e os membros trabalham juntos para formar uma sinergia completa. Por exemplo: o padrão de flexão-adução-rotação externa de ombro, com elevação anterior da escápula combina-se com extensão do tronco e rotação para o lado oposto, completando assim, um movimento total. Conhecendo as combinações musculares sinérgicas, podemos trabalhar os padrões. Os padrões podem ser variados de diversas formas: modificando a atividade da articulação intermediaria no padrão da extremidade para função, modificando a atividade da articulação intermediaria no padrão da extremidade para o efeito nos músculos biarticulares, modificando a posição do paciente para alterar os efeitos da gravidade, modificando a posição do paciente para outra mais funcional ou modificando a posição do paciente para usar o estímulo visual. As combinações de padrões são nomeadas de acordo com a relação dos movimentos dos membros entre si:


1.  Unilateral: um braço e uma perna.
2.  Bilateral: ambos os braços, ambas as pernas ou combinações entre braços e pernas:
a)               Simétricos: ambos se movem no mesmo padrão (por exemplo:ambos flexão-adução).
b) Assimétrico: ambos se movem em padrões opostos (por exemplo: direito: flexão-adução; esquerdo:flexão-abdução).
c) Simétrico recíproco: ambos se movem na mesma diagonal, mas em direções opostas (por exemplo, direito: flexão-adução; esquerdo: extensão-abdução).
d)               Assimétrico recíproco: ambos se movem em diagonais e em direções opostas (por exemplo, direito: flexão-adução; esquerdo: extensão-adução).

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